quarta-feira, 10 de março de 2010

Aline - Rascunhos (Maquete)

Esperei várias semanas para partilhar isto convosco. Não porque estivesse com dúvidas quanto a valiosidade do que agora vos proponho e também não foi nada a ver com aquele sentimento prazenteiro ridículo de sermos detentores exclusivos de algo de valor que não se produz em série e por isso não se encontra com facilidade. Tipo aqueles que se permitem decorar as suas paredes com originais do Dali ou Van Gogh e depois os exibem aos amigos com um orgulho de coleccionador que mascara a mesquinhez do “é o único e SOU EU que o tenho”.

No que toca a música, a existência de coisas únicas tornou-se quase um mito com a democratização da internet e o aparecimento dos programas P2P, com os quais podemos aceder as colecções de “peças únicas” de cada um, entrando directamente nos seus computadores e extraindo aquilo que nos interessa.

Dito isto, se não partilhei este mambo no dia que cheguei à tuga e voltei a estabelecer contacto com o mundo cibernético, foi pura e simplesmente porque fiquei a espera que a artista em questão me facultasse uma capa. Ficou de lha fazer um amigo dos designs. Portanto, foi por mera preocupação estética, pode-se dizer até vaidade, que esta voz de anjo ainda não vos hipnotizou. Pelo menos na parte que me toca enquanto blogger e melómano assumido. Ainda tenho um pouco do séc.XX em mim e gosto de ter capas para os discos que partilho com a malta dos downloads (também inventei aquela capa para o EP dos Filhos da Ala Este).

Só me lembro de ter tomado conhecimento da existência da Aline numa daquelas moambadas de estudantes da diáspora, 20 pessoas no kubico do “equinho” (estimativa por baixo, para os pais dele não assustarem), tudo bwé animado, conversas sobre a banda e... pois é, tem sempre aquele amigo da viola para o momento cançonetes, sendo que o ecletismo depende do gosto dos presentes e, claro, da destreza do guitarrista. Então entre os “Não sou o único”, “She will be loved”, “Kiss from a rose” da praxe, começou o reboliço (também clássico) à volta da “voz” do grupo, com o pessoal a insistir bwé: “vá lá, canta”, “opá, vá lá”. E claro que a “voz” fez o seu joguinho de “ooohhh, assim fico acanhada”, até ao ponto em que a pressão de grupo foi superior a timidez individual e a “voz” sentiu-se obrigada (mas cheia de vontade claro) a agraciar-nos com o talento que tem em mais abundância que o resto da maralha.
A miúda tinha mesmo um timbre doce. Senti... mas não liguei (dika powered by gato fedorento)!

3 anos volvidos e cruzamentos mais frequentes pelas curvas da rotina mwangolê no estrangeiro, a minha admiração por este belo espécimen da raça humana, inflou umas 20 vezes. Para além do impressionante progresso no controlo de voz nas variações de nota e timbre, da evolução no seu domínio da viola, e outros reparos do foro técnico, aperfeiçoou a sua escrita que está sublime, e aprecio particularmente o seu jeito menina ingénua e inconformada com as injustiças “naturais” que lavram as sociedades contemporâneas.

Ouvindo esta maquete constatei aliviado que ela não me arrepia só ao vivo e que, é possível sim senhor sentir-se o nível de honestidade e intenções puras no que se faz, confiando apenas e só na performance do intérprete, na profundidade que ele/a imprime no tilintar do gurgumilo, seja o lamento carnal de alguma aflição congénita ou o desabafar raivoso de algum episódio encolerizante. A Aline é mais para o tom lamurioso e é-o com muita classe.

A maquete tem um valor acrescido porque, para além dos covers que ela faz da Mayra Andrade (Tunuka e Lua), Ngola Ritmos e Teta Lando (o fantástico e rejuvenescido mashup dos intemporais Mbirim mbirim, Mupiozo me e Muxima), a menina mostra-nos os seus talentos de de autora/compositora com dois temas de sua autoria, o Babel e o Rascunhos.
Não sei porque escolheu deixar de fora o poema de Alexandre Dáskalos (Que é São Tomé) que de forma tão graciosa musicou, mas isto já chega para primeira dose.

Muita alma nesse mambo. Alimentem-se.

01.Babel
02.Tunuka
03.Muxima (na verdade e por ordem: Mbirimbiri,Mupiozo Me, Muxima)
04.Lua
05.Rascunhos



Catem o mambo aqui

4 comentários:

sidneywebba disse...

Faço o download mas na hora de descompactar dá sempre um erro, diz que o arquivo está corrompido. Tem como verificar? Ou passar outro link para download...

ikono disse...

alg mais tem o mesmo problema? Sidney usas o winrar p descompactar? Verifica la com o winrar e se continuares a ter makas eu arranjo maneira de passar outro link
abraço

Edmir disse...

Quero mto fazer o download ,mas n consigo...por favor tenta posta no mediafire ou no xshare.

Anônimo disse...

que pena o link esta morto !!