Isto é um espaço pessoal, aqui hei de meter essencialmente música que de alguma maneira me moldou, mas posso ter alguns desvarios eventuais. Se algum artista se sentir "roubado" por ter a sua música partilhada, que mo indique, para que eu possa apagá-la com a máxima prontidão
Música com sentido. O mais novo dos Kuti, com a banda original do papa Fela, os Egypt 80.
Para quem vibra com Afro-beat, este álbum irá dar-vos corda aos sapatos.
Os entendidos dizem que em matéria de sonoridade, o Seun fica muito mais próximo do seu mítico papá do que o irmão mais velho, Femi, muito por causa da banda de acompanhamento, mas também na performance ao vivo. Não sei, nunca o vi ao vivo e do Fela só os inumeros vídeos que consegui ir catando ao longo dos anos. Sei é que o mundo moderno e as pressões das casas de discos que se manifestam sob forma de chantagens contratuais, limitam a comparação com Fela, começando no tamanho das faixas, onde o Fela abusava, chegando a ter sons que passavam a fasquia dos 25 minutos. Se calhar foi opção estética, se calhar o rapaz não quer construir a sua carreira na sombra da do pai (como fizeram ou tentaram fazer uma infinidade de Marley), se calhar eu estou a ser precipitado em julgá-lo pelos dados que tenho disponíveis sem aprofundar. Mas... é quase inevitável: Sobrenome Kuti; género musical Afro-beat; banda Egypt 80; até alguns títulos de canções remetem-nos a músicas específicas do Fela (Don't Give That Shit to Me vs You Give Me Shit, I Give You Shit). Não me parece que ele esteja propriamente a fugir de comparações, então assim como merece os elogios de ritmica e liricamente estar muito próximo de representar o seu venerável progenitor, merece a crítica de ter deliberadamente adaptado os temas em tamanho para versões mais radio-friendly.
O álbum é uma bomba. Escutem e se gostarem comprem, ou vão a um concerto (de preferência a segunda opção que é de onde os artistas acabam por tirar mais rendimento).
Ora bem, ao que parece, as compilações Ngola Ritmos que aqui disponibilizei foram o resultado de uma recolha para servir de banda sonora ao terceiro filme da trilogia sobre música popular angolana do realizador Jorge António. Depois de ter descoberto o blog e de termos trocado algumas impressões no que toca as nossas posições (antagónicas) em relação aos direitos de autor e a partilha da música pela internet sem autorização prévia dos artistas, o Jorge enviou-me a informação sobre a estreia do filme que será em Abril, no festival Indie Lisboa. Para todos aqueles que tropeçaram neste blog pesquisando a internet sobre os Ngola Ritmos e que tenham a sorte de estar em Lisboa no mês de Abril, aproveitem a ocasião e disfrutem do documentário sobre uma das bandas mais importantes na História da música angolana. Eu ficarei à espera da estreia na Mangolê.
Incluem este álbum tanto na categoria Modern Jazz como World. Eu senti bwé a cena, que apesar de familiar, me pareceu bwé actual (daí o "modern" antes do "jazz" né? Duhhh), bwé para a frente, bwé misturado e tão bem conseguido que não sabemos bem em que universo estamos a navegar. A explicação acaba por ser muito simples. O instrumento principal desta banda é o recém inventado Hang-Drum, que é tipo um Ok com tampa, ou, por outra, um disco voador e que produz uma panóplia de sons espectaculares, sendo considerado instrumento de percussão, mas as vezes parecendo um dos infinitos banks de um teclado. O álbum é algo dark, coisa que também me agrada muito e não tem vozes absolutamente nenhumas. Vale a pena para quem gosta de experimentar trips de outros tipos, mas não é um disco para toda a gente.
01. Paper Scissors Stone (5:27) 02. The Visitor (5:31) 03. Dawn Patrol (6:00) 04. Line (7:29) 05. Life Mask (Interlude) (1:16) 06. Clipper (6:31) 07. Life Mask (7:17) 08. Isla (5:09) 09. Shed Song (Improv. No 1) (8:23)
Ouvi essa cena na Oxigénio. Eles escolheram o tema The UN Plan. Fiquei intrigado. Nome estrambólico, capa estranha, título quase impronunciável, sonoridade indescritível... é uma combinação de muitos mambos, de Radiohead à J-Dilla com tudo o que pode arrastar pelo meio. A cena é mesmo agradavelmente diferente. O Shafiq é membro de um trio chamado Sa-Ra Creative Partners, que confesso não ter ouvido falar até então, mas tenciono corrigir essa falha imediatamente. Ao que parece, a palavra "Ka" significa algo como "mente" ou "força da vida" em árabe egípcio. Esse mwadiê parece até que se esforçou ao máximo para ser a mais perfeita antítese de um produto de marketing. Muito forte.
01.Intro/Electra 02.Nirvana 03.The U.N. Plan 04.Cheeba 05.Lil' Girl 06.Lost and Found 07.Dust and Kisses 08.No Moor 09.All Dead 10.Major Heavy 11.Evil Man 12.Changes 13.Love Still Hurts 14.Le'star 15.Egypt 16.Odd Is C 17.Rebel Soldier
Esperei várias semanas para partilhar isto convosco. Não porque estivesse com dúvidas quanto a valiosidade do que agora vos proponho e também não foi nada a ver com aquele sentimento prazenteiro ridículo de sermos detentores exclusivos de algo de valor que não se produz em série e por isso não se encontra com facilidade. Tipo aqueles que se permitem decorar as suas paredes com originais do Dali ou Van Gogh e depois os exibem aos amigos com um orgulho de coleccionador que mascara a mesquinhez do “é o único e SOU EU que o tenho”.
No que toca a música, a existência de coisas únicas tornou-se quase um mito com a democratização da internet e o aparecimento dos programas P2P, com os quais podemos aceder as colecções de “peças únicas” de cada um, entrando directamente nos seus computadores e extraindo aquilo que nos interessa.
Dito isto, se não partilhei este mambo no dia que cheguei à tuga e voltei a estabelecer contacto com o mundo cibernético, foi pura e simplesmente porque fiquei a espera que a artista em questão me facultasse uma capa. Ficou de lha fazer um amigo dos designs. Portanto, foi por mera preocupação estética, pode-se dizer até vaidade, que esta voz de anjo ainda não vos hipnotizou. Pelo menos na parte que me toca enquanto blogger e melómano assumido. Ainda tenho um pouco do séc.XX em mim e gosto de ter capas para os discos que partilho com a malta dos downloads (também inventei aquela capa para o EP dos Filhos da Ala Este).
Só me lembro de ter tomado conhecimento da existência da Aline numa daquelas moambadas de estudantes da diáspora, 20 pessoas no kubico do “equinho” (estimativa por baixo, para os pais dele não assustarem), tudo bwé animado, conversas sobre a banda e... pois é, tem sempre aquele amigo da viola para o momento cançonetes, sendo que o ecletismo depende do gosto dos presentes e, claro, da destreza do guitarrista. Então entre os “Não sou o único”, “She will be loved”, “Kiss from a rose” da praxe, começou o reboliço (também clássico) à volta da “voz” do grupo, com o pessoal a insistir bwé: “vá lá, canta”, “opá, vá lá”. E claro que a “voz” fez o seu joguinho de “ooohhh, assim fico acanhada”, até ao ponto em que a pressão de grupo foi superior a timidez individual e a “voz” sentiu-se obrigada (mas cheia de vontade claro) a agraciar-nos com o talento que tem em mais abundância que o resto da maralha. A miúda tinha mesmo um timbre doce. Senti... mas não liguei (dika powered by gato fedorento)!
3 anos volvidos e cruzamentos mais frequentes pelas curvas da rotina mwangolê no estrangeiro, a minha admiração por este belo espécimen da raça humana, inflou umas 20 vezes. Para além do impressionante progresso no controlo de voz nas variações de nota e timbre, da evolução no seu domínio da viola, e outros reparos do foro técnico, aperfeiçoou a sua escrita que está sublime, e aprecio particularmente o seu jeito menina ingénua e inconformada com as injustiças “naturais” que lavram as sociedades contemporâneas.
Ouvindo esta maquete constatei aliviado que ela não me arrepia só ao vivo e que, é possível sim senhor sentir-se o nível de honestidade e intenções puras no que se faz, confiando apenas e só na performance do intérprete, na profundidade que ele/a imprime no tilintar do gurgumilo, seja o lamento carnal de alguma aflição congénita ou o desabafar raivoso de algum episódio encolerizante. A Aline é mais para o tom lamurioso e é-o com muita classe.
A maquete tem um valor acrescido porque, para além dos covers que ela faz da Mayra Andrade (Tunuka e Lua), Ngola Ritmos e Teta Lando (o fantástico e rejuvenescido mashup dos intemporais Mbirim mbirim, Mupiozo me e Muxima), a menina mostra-nos os seus talentos de de autora/compositora com dois temas de sua autoria, o Babel e o Rascunhos. Não sei porque escolheu deixar de fora o poema de Alexandre Dáskalos (Que é São Tomé) que de forma tão graciosa musicou, mas isto já chega para primeira dose.
Muita alma nesse mambo. Alimentem-se.
01.Babel 02.Tunuka 03.Muxima (na verdade e por ordem: Mbirimbiri,Mupiozo Me, Muxima) 04.Lua 05.Rascunhos
Curto bwé esse mano. Há tempos postei aqui o som promocional que ele meteu a circular na net para antecipar a saída deste EP. Acho que continua a ser o meu tema favorito do trabalho e, certamente, um dos melhores que já fez.
Nem toda a gente é polivalente dentro dos seus géneros e o Flagelo é um dos artistas que, aceitando a sua monovalência, procura aperfeiçoar-se, aprimorar o seu estilo e eu sou de opinião que essa persistência às vezes dá frutos.
O Flagelo é do mais independente que pode haver, pois compõe as suas letras, faz os seus instrumentais e grava-se a si próprio no seu estúdio caseiro ao qual escolheu chamar “O Zoo” ou “Medina”. A intro do EP é uma entrevista que o Sebastião Vemba fez no recentemente construído bairro do Zango, a uma senhora recentemente lá “realojada”. O subtítulo sugere metaforicamente que a condição desta senhora é resultado do fiasco das políticas do Zé Du e é perfeita como mood setter para o Manifesto que se lhe segue.
O resto do EP é bastante sólido e recheado de beats consistentes e letras conscientes, sempre naquela tónica mais intelectual que nem sempre é fácil de digerir para ouvidos mais ecléticos (ou mais superficiais). Um EP aconselhável para quando queremos nos sentir mais atentos ou revoltados para partir mambos. Boa semente mano Flagelo, aguardamos ansiosamente pelo LP.
01.Intro - Os Flagelados do Vento Santo
02.Manifesto
03.Muda a Cara da Tua Cara
04.Destino (Fado)
05.Louco Por Opção (O Elogio da Loucura)
06.Música Alternativa
07.São Paulo de Loanda (Porquê nos Tens Como Enteados?)
O meu tio, um estudioso dos Ngola Ritmos e discípulo do "Liceu", mandou-me um mail corrigindo alguns dos títulos das compilações que disponibilizei aqui. Queiram por favor corrigir os vossos, pois não queremos falta de rigor nos nossos documentos históricos né?
Ngasakidila ao invés de Nga Sakidila Xiku ao invés de Chico Mon'ami ao invés de Monami Manazinya ao invés de Manazinha Mbirimbiri ao invés de Mbirim Mbirim Juwãu Dumingus ao invés de João Domingos Kwaba Kwaye Kalumba ao invés de Kuaba Kuaie Kalumba Oh Muturi ao invés de O'muturi Makezu ao invés de Makesu
Quatro dreds de Maputo que se conheceram em Johannesburg para onde tinham ido estudar, e se juntaram para formar o colectivo 340ml.
De banda de garagem a premiados foi um instantinho recheado de aventuras e desventuras, incluíndo pelo menos uma meia dezena de episódios no decurso dos quais se viram subtraídos do seu material, ora furtados do estúdio, ora do carro depois de um concerto. Eles usam aliás esse pretexto para justificar o período sem edição entre o Moving (2001) e o segundo álbum (2007) adequadamente entitulado “Sorry for the Delay”.
Os EP’s que existem no meio, são cenas que encontrei no Soulseek e no site da Optimus Discos, sendo que, o EP que se pode encontrar nesse último não é mais que uma versão curta do LP “Sorry for the Delay” e por isso se chama simplesmente “Desculpem o Atraso”.
Eu tomei conhecimento desta banda graças ao meu bom amigo Keita Mayanda que mos aconselhou com veemência praí em 2003, passando-me juntamente com o “Moving”, o álbum de um fantástico MC sul-africano chamado Tumi que tem como banda de apoio os Volume, que inclui dois dos quatro membros dos 340ml aos quais se juntam David e Kyla. Tudo do mais alto nível. Depois vou ver se meto também aí esse álbum do Tumi.
Não posso ter outra palavra para descrever a minha falta de cuidado em não ter ainda postado nada destes rapazes aqui senão “heresia”. Este é daqueles grupos que vale a pena ter na colecção de originais. Mas enquanto não caulam o mambo, saquem JÁ!
340ml - I Don't Know EP
É incrível. Não encontro NEM UMA referência a este EP googlando a net. NEM UMA. Experimentei de todas as formas que me ocorreram, com título do EP, com os títulos das faixas, com e sem o nome da banda (podia ser um EP de outra banda erroneamente marcado como 340ml) e NADA, ZERO, NICLES. Eu tinha um kamba que dizia: "se não está na net é porque não existe". Bem, aqui tenho em 7 anos uma das primeiras provas de contrário, que estou no entanto a remediar. A próxima pessoa que procurar por esse EP há de vir dar ao meu blog. Passou a ter "personalidade jurídica" (gato fedorento).
01.Lesson One 02.Wedding Song (Live) 03.That Loving Feeling 04.Guardian of Peace 05.Lesson 101 06.That Loving Feeling feat. Bonafide Webster 07.Wedding Song
Como já tinha dito, este EP não é mais que uma versão mais reduzida do segundo álbum "Sorry for the Delay" que os artistas compilaram para edição gratuita na Optimus Discos do Henrique Amaro. No entanto, os sons estão rippados cada qual com o seu kbps e os id3tags estão mal editados e sendo que as faixas estão TODAS incluídas no álbum, este será certamente o único EP do qual se podem passar de downloadar.
Primeiro álbum dos dreds.... alta bomba. Curtam só. 01 Shotgun
02 Hang On To Yourself
03 Midnight
04 What Happens Between
05 Early Morning
06 Shotgun Backleft 07 Supermodel
08 Nancy's Nightmare 09 21:40 10 21:44 11 Good Things Happen To Those Who Wait 12 I Started Something I Can’t Afford 13 Michelle (Stage Managment) 14 Movimento 15 And Who Was Kamikaze? 16 Moneypenny’s Dream 17 El Vinco Xiconhoca
Em teoria o segundo álbum deixa sempre um pouco a desejar, muito por causa da expectativa que se gera em torno dele depois de um primeiro LP tão forte. Mas sinceramente, acho que esta segunda pedra faz mais anéis na água que a primeira. O mambo tá deka deka deka!!!
01.Regents Park
02.The Other Side 03.Fairy Tales
04.Make it Happen
05.Moodswings 06.The Untitled Song 07.Kubrick 08.Saint-Leu 09.Lesson One 10.Australopithecus 11.Sorry for the Delay 12.Radio 75