terça-feira, 17 de agosto de 2010

Paulo Flores - Ex-Combatentes

Um dos meus primeiros posts neste blog foi de um disco ao vivo do Paulo Flores e, depois disso, já postei aqui o disco Recompasso, que me acompanhou numa viagem de carro juntamente com In Square Circle do lendário Stevie Wonder. Assim sendo, não me vou repetir nos elogios sempre merecidos dessa grande figura da nossa música.

Por mais questionáveis que sejam as opções/cuidados que toma com a sua imagem (quem ainda consegue não estar saturado de o ouvir/ver como imagem de marca do BFA? Os spots repetem tanto que acabam por diminuir a vontade de lhe ouvir a voz fora desse contexto), os seus discos são um atestado permanente à sua evolução enquanto músico e ser humano, ...
pronto, já estava a apanhar balanço para desenrolar essa fita dos elogios que acabei de dizer que não faria. Oiçam simplesmente essa obra prima em três tomos.

Viva o Paulo (e porrrraaaaaa, por tudo que é mais sagrado, rescinde lá esse contrato com o BFA, estamos faarrrtooooooos)!!!

Cd.1 ( Viagem )

01 Nzage
02 Diarabi
03 Hoji Ya Henda
04 Fela no Marítimo da Ilha
05 Pé na Lama
06 Camarada Kill Bill
07 Emancipada Terra
08 Morre Bem
09 Parabólica

Cd.2 ( Sembas )

01 Caboledo
02 Sembinha
03 Maravilhoso 1972
04 Meu Amor Quando me Beija
05 Ndapandula
06 Ser da Lata
07 Fundo do Poço
08 Som D’Agosto
09 Rumba Nza Tukiné

Cd.3 ( Ilhas )

01 Eu Quero é Paz
02 Samba em Preludio
03 Filhos da Kianda
04 Gepê
05 Contratempo
06 Reencontre
07 Funana di Nha Filo
08 Mudjer di Artista
09 Amba




Download dos 3 mambos em 2 files aqui e aqui




quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Conjunto Ngonguenha - Nós os do Conjunto

Então assim foi, o disco saíu MESMO. Depois de sucessivos adiamentos, atrasos com a fábrica e repetidos pedidos de desculpa por parte do MCK (editor e distribuidor pelo seu selo MASTA KAPA) aos religiosos seguidores do seu programa na Rádio Despertar que reclamavam pelo que lhes era devido, aqui está ele.

Todo o pacote é interessante, começando logo pelo impacto visual da capa em formato de caderno dos anos 80 que trazia o hino nacional na contra-capa. Mas o adágio diz que não se julga o livro pela capa, e assim sendo, não vamos também julgar o disco.

Eu sou suspeito para falar de Conjunto Ngonguenha, pois até bem pouco tempo antes deste disco sair, eu fiz parte do grupo. Sempre gostei da música que esses 3 mongos fazem, sempre fui panco da criatividade musical do Conductor, da franqueza e ligeireza com que o Leonardo flui pelos instrumentais auto-produzidos e pela profundidade lírica gargantuesca do Keita que impinge respeito até aos mais renitentes que só sabem falar do "flow".

Este é o segundo disco de originais depois do Ngonguenhação em 2004 com o selo da Matarroa, entretanto e infelizmente extinta.

Se no primeiro disco se encontrava a sátira social e política elevada ao estatuto de "mongoloidice", este segundo vem exactamente na mesma tónica mas com a vantagem de carregar em cada um dos intervenientes mais 5 anos de experiências no universo musical: o conductor está a produzir MUIIITTOO melhor, o Keita continua a rimar com aquela urgência como se o mundo fosse acabar amanhã, tendo, ainda por cima, melhorado substancialmente a sua largada e o Leonardo agora canta tipo quer lançar um disco de Soul.

A masterização/equalização deste disco são outros dois pontos em que se nota uma preocupação muito maior com a qualidade sonora, pois se no Ngonguenhação estava tudo sujo e fajuto de gravações dúbias, neste a coisa está cristalina, prata polida até virar espelho, graças à mestria do Eliei.

Se houver um ponto negativo quando se compara Ngonguenhação com Nós os do Conjunto, ele residirá certamente na perda de inocência e espontaneidade do primeiro, para um conceito melindrosamente estudado para causar um efeito previsto no consumidor do segundo. Mas isso, claro, é subjectivo como o é tudo o que releve duma opinião pessoal.

Contrariamente ao que se propala (e mais uma vez na minha modesta opinião), acho que este álbum rouba muitas das ideias funcionais do primeiro dando impressão de haver vários temas que são sequelas. Senão vejamos:

- Programa de rádio vs TV Ngonguenha: para já é inegável que os conceitos são os mesmos, e por acréscimo, o método da intro também o é. No primeiro usou-se o indicativo mais antigo da rádio angolana que precede o noticiário e, neste, usou-se o original de uma música infantil do Mamborró que, apesar de não ser a mais famosa dele, continua sendo uma música do Mamborró!

- Dia de Aulas vs Fugueiro: apesar de aqui ser mais ou menos assumida a parte 2, pois chega mesmo a haver um sample do tema do primeiro álbum, inclusivé, este tema escapou intitular-se "Fugueiro: A Prequela".

- Kibidi vs FTU-Nzamba 2: apesar de o Kibidi não se desenrolar dentro de um kandongueiro, o formato de story-telling é mais que familiarizado com o FTU, cada MC intervindo alguns segundos sequencialmente para avançar um pouco no seu relato.

- Sorriso Angolano vs É Dreda Ser Angolano: Sorrir na miséria vs sorrir na miséria. Mesmo mambo!

- Kem Manda Mais Fuma vs Ecos e Factos: Janela Aberta vs Ecos e Factos, dois programas da Televisão Pública de onde se podem tirar litros de inspiração para encher o rio seco.

- Vou te Queixar vs Nós e Vocês: ambas relatam o choque de gerações e delatam comportamentos obtusos (às vezes roçando o criminoso) da parte de alguns dos nossos conterrâneos.

- Ninguém nos Sungura vs Kanguei no maiki: se não se pode comparar pela ausência TOTAL de tema no segundo, compara-se perfeitamente por serem os dois os sonoros mais inesperados num álbum de hip hop, pois aventuram-se por ritmos que descambam um pouco para "música do futuro", uma vez que nos é impossível de a rotular redondamente.

Apesar de essas comparações serem possíveis segundo a (in)disponibilidade de quem ouve de as fazer, em termos de execução TODAS SEM EXCEPÇÃO estão melhores neste disco, denotando a evolução profissional dos envolvidos.

O disco esgotou em tempo recorde de 5 horas!!! O pessoal que chegou ao Elinga depois das 14h, alguns vindos de bem longe, deparou-se com uma situação extremamente incómoda: "Já não há discos broda!!!".

Foram só 1000 cópias, mas o Ngonguenhação levou um ano e meio a vender essa mesma cifra. Falando de expansão hã?

Está de parabéns o Conjunto. Muitos sucessos daqui para frente é o que vos deseja este camarada! Apesar de já não figurar no plantel, estou na linha da frente a aplaudir, pois vocês continuam a ser (nas palavras de um grande poeta) "como água no deserto".

01. Chamada
02. Dia de Aulas
03. Kibidi (A Lenda do Caixão Vazio)
04. Sorriso Angolano
05. Vou te Queixar
06. Medo do Regresso
07. Kem Manda mais Fuma?!
08. Namorada do Conjunto
09. Julieu & Rometa
10. Tia
11. Tou a Falar Pra Ti
12. Ninguém nos Sungura

Prova da idiotice congénita desses miúdos, ficam aqui dois dos teasers que mais me cansaram. O primeiro é uma demonstração de como confeccionar uma Ngonguenha e o segundo é baseado num spot publicitário do Banco Millenium com a Yola Semedo (podem confirmar carregando no link que aparece depois do final do teaser). MUITA PARVOICE!!!





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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Viruz - Cash Rules

Estava em Windhoek no kubico do meu dreda Telinho (antigo "Preto" dos Provisórios) e ele levou-me ao Xtygmaz para nos apresentar e trocarmos uma ideia. O Xtygmaz esteve a mostrar-me alguns artistas do seu círculo próximo que ele achava relevantes e este foi aquele que me captou mesmo a atenção. Tem uma largada muito segura, consistente, relaxada, sem a gritaria enraivecida normalmente associada ao artista "underground" chateado com as situações que relata. Este tema foi extraído de uma mixtape com apanhados de demos que ele foi acumulando entre 2005 e 2008 e, se há alguns que valham a pena sublinhar, este é (para mim) sem dúvida o que se destaca. Não sei se o zshare continua a ter a opção de escutar a faixa antes de fazer o download pois faltam-me os plugins, mas acho que para quem gosta de Hip Hop e está farto de ouvir sempre os mesmos artistas, vale a pena dar uma chance a este rapaz, ainda com algumas imperfeições (para mim é altamente inestético os versos que não rimam e acaba por se tornar incomodativo quando este lapso se repete consecutivamente), mas sem dúvida um talento prometedor. Esperemos que não se "kalibre" demais com o tempo.

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Sounds of South Africa

No outro dia estava a explorar o blog do Tiago, guitarrista dos 340ml e de Tumi & The Volume, e, depois de ponderar um curto lapso de tempo, decidi que ia averiguar a mix que ele tinha preparado para uma rádio francesa. O ponderar não foi de todo por questionar os gostos do Tiago, mas porque a largura de banda assim obriga. O download aqui é ainda um processo penoso e o que se cata online tem de ser escolhido a dedo, se possível com prévia verificação de um ou dois títulos através do youtube.
Esperadas as três horas (já foi pior... nos tempos do napster, uma faixa chegava a demorar para cima de uma hora as vezes. Um gajo contentava-se com 3 músicas/dia), verifiquei o pacote e, poorrrrrrrrrrrraaaaa, o mambo bate MUITO! O pessoal está muito à frente lá em baixo, muito ecletismo, muita originalidade, muita mistura de ritmos, muita diversidade.
Não creio que em 14 faixas se pudesse ser mais abrangente no abraço que aqui se dá ao vasto espectro da música sul africana contemporânea. Tem desde Jazz, a misturas de Kwaito com Dubstep, a Hip Hop, Dub, até uma espécie de música de orquestra que parece de filme. Menu completo!
Senti-me mais rico, mais culto, mais conhecedor, depois de ser inesperadamente surpreendido e seduzido por uma riqueza sonora cuja existência desconhecia.

01. McCoy Mrubata - Kwalanga
02. Felix Laband - Donkey rattle
03. Mapaputsi - Izinja
04. African Swingsisters - Emuva
05. Boo! - Come
06. Lark - Thoughts
07. Tumi And The Volume - Through my sunroof
08. BLK JKS - Zol!
09. Izintombi Zasi Manje Manje - Awofuni ukulandela na?
10. Max Normal - Hazel's joint
11. Mahlathini And The Mahotella Queens - Wavutha umlilo
12. 340ml - Make it happen
13. Gazelle - Neondebele
14. Carlo Mombelli And The Prisioners Of Strange - Trance by chance

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