domingo, 21 de fevereiro de 2010

Batida - Dance Mwangolé

Aqui está o último projecto de autoria da Rádio Fazuma. Sou muito panco desses manos desde que sintonizei num longíquo verão, o programa deles na Rádio Marginal. Primeiro fiquei meio de pé atrás com o sotaque do Toni, mas depois relaxei e deixei-me convencer pela genialidade e o humor da dupla Toni e Abel. Era só rir.
Muitos anos de militância, apoiando a música independente e dando o corpo (e a alma) na edificação de um conceito diferente e consequente, depois de muitos dissabores mas também muitas alegrias, a montanha russa de emoções típica de quem insiste na parvoíce de remar contra a corrente (num rápido), depois de lançar dois projectos que não encontravam editora, de editar (quase...está a vir aí) um mambo tipo documentário inspirado no Ngonguenhação, eis que a Fazuma nos brinda com mais uma pérola: Dance Mwangolé.
DJ Mpula passa de simples giradisquista do programa Batida na Ant3na, para produtor por excelência de uma música modernaça, fortemente condimentada com o Semba, rebita e outras músicas folclóricas angolanas, elas próprias sob grande influência dos países vizinhos, principalmente dos dois Congos. Mas não está sozinho nessa empreitada. Chamou o seu amigo e produtor de música electrónica Beat Laden (Cartell 70) que trouxe da sua experiência e entusiasmo para engordar mais aquelas basslines e os drums, dar-lhe os moogs, enfim... produzir né? O Mpula com o seu amor incondicional pela cultura africana de raiz e o Beat Laden com a sua orientação mais industrial/som sujo/pista de dança, fizeram "Bum" na proveta e o resultado tá aí. Dance Mwangolé. As palavras são essencialmente conscientes e/ou com orientação pedagógica, atribuindo ao ritmo dançante uma solenidade respeituosa para com os artistas samplados e para a cultura que se quer representar. Sacerdote, Maskarado, Dama Ivone, Bob the Rage Sense e o yours truly são os encarregados dessa missão verbal.
"Isto é que os kotas deviam abraçar"

01 Korimbas Gruvi
02 Puxa!
03 Alegria
04 Bazuka (Quem me rusgou?)
05 Cuca (Isso é o que eles querem!)
06Yumbala (Nova Dança!)
07 Makumba
08Tribalismo
09 Mestre
10 Respeito
11 Saudade
12 Despedida
13 Ncongo Jamin
14 Nufeko Disole
15 Roque Santeiro
16 Mestre (Dj Chernobyl Remix)




Catem o mambo aqui

Ngola Ritmos - Porta-estandarte da cultura musical angolana

"Nos anos 40, quando começaram a soprar os ventos independentistas, a vontade de muitos jovens era afirmarem-se como angolanos, os colonialistas impunham a sua cultura em detrimento da nossa. Parecia mal falar kimbundu, quem o falasse era considerado atrasado, gentio, qualquer pessoa de 40 anos das zonas urbanas não sabe kimbundu, viveu a pressão das mães que diziam: Menino parece mal, tu já és uma pessoa civilizada etc. Os fundadores do N’gola Ritmos pensaram exactamente que era preciso fazer algo para manter a nossa identidade. O espaço à volta não permitia manifestações culturais da terra, daí fazer-se um conjunto musical. Nos anos 40 com o Liceu Vieiras Dias, o Nino Ndongo, eram os principais, tocava-se em casa deste ou daquele. Só em 1950 o conjunto cresceu."
"(Os Ngola Ritmos)
era uma rebelião pacífica, tentando despertar consciências adormecidas, que não acreditavam em mais nada, eram 500 anos de colonização. Não havia televisão, nem rádio para toda gente, os jornais não chegavam aos musseques nem ao interior do país e nós sabíamos que uma canção ficava presa no assobio, no cantar. Na LNA quando cantávamos em kimbundu, as pessoas viravam a cara meias envergonhadas, chamavam-nos os mussequeiros...acabamos por fazer canções de absoluta reivindicação, e incendiávamos aquelas pessoas fartas de ser espezinhadas, e eles entendiam que havia qualquer coisa na fogueira. Isso acabou por se descobrir, fomos perseguidos. O conjunto morre antes do tempo, aqueles que eram funcionários foram transferidos. Entra este, sai aquele, entra outro etc. Tudo culmina com a prisão porque alguns de nós estávamos directamente metidos na luta política, como eu e o Liceu, nenhum de nós sabia o quanto o outro estava metido, na altura nem com a mulher se podia falar. Foi esta fase que resultou na criação do MIA (Movimento Independentista de Angola)."

Excerto da entrevista de Milonga a Amadeu Amorim, um dos membros fundadores dos Ngola Ritmos, que pode ser na íntegra aqui

Esse kota e o "Liceu" Vieira Dias acabaram por ser presos pela PIDE. Música demolidora que arrombou os muros das mentalidades tacanhas cimentadas com o betão do preconceito e do complexo de superioridade.
Respeito!!!

Ngola Ritmos - Conjunto Ngola Ritmos

01.Nga Sakidila
02.Chico
03.Xikela
04.Nzagi
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Ngola Ritmos - Folclore de Angola (Ao vivo na RTP, 1965)

01.Xikela
02.Monami
03.Dya Ngo We
04.Nzagi
05.Manazinha
06.Muxima

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Ngola Ritmos - Ngola Ritmos EP Vol.1

01.Mbirim Mbirim
02.João Domingos
03.Chapéu Preto
04.Timpanas


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Ngola Ritmos - Ngola Ritmos EP Vol.2

01.Monami
02.Kuaba Kuaie Kalumba
03.Maria da Luz
04.Margarida vai à Fonte

Catem o mambo aqui


Ngola Ritmos - O Ritmo do Ngola Ritmos (Banda Sonora do Documentário Homónimo)

01.O'Muturi
02.Mbirim Mbirim
03.Makesu (c. Rui Mingas)
04.O Jaki Kajikopu
05.Muxima Wami
06.Kolonyal
07.Suzana (c. Belita Palma)
08.Moringa (c. Belita Palma)
09.Kalumba
10.Muxima
11.Phalame
12.Kangrima
13.Tukar'yetu


Catem o mambo aqui


Irmãos Kafala - Ngola e Salipo


Aqui têm um re-upload dos dois álbuns de um dos duos mais fortes da nguimbi. Mais um daqueles casos de "big in japan... renegados na sua casa". Clássicos. (Se as frases anteriores vos soam estranhas a ler, é através da anormal quantidade da palavra "um" que se sequenciam).
Catem no post original aqui

De volta com um BANG!

Fiquei muito tempo sem postar né? Pois é, às vezes não tenho net e acho que essas vezes hão de começar a multiplicar-se a medida que eu for ficando mais tempo pelas terras de Mbandi, Mandume, Kevela, Kiluanji e outros bravos do maqui.
Entretanto, sempre que puder venho cá deixar pérolas, raridades, inéditos e documentos históricos. É mesmo por aí que vou começar, reuploadando os dois álbuns dos Irmãos Kafala e fazendo um mega upload de umas compilações dos lendários Ngola Ritmos, recuperadas pelo meu tio dos arquivos poeirentos de um qualquer melómano tuga e agora partilhadas com o mundo, que passou a ser o seu legítimo dono, depois da passagem física do Liceu Vieira Dias e da dissolução do grupo. Espero que os novos detentores deste legado sintam pesar sobre os seus ombros a responsabilidade de o transferirem a todo e qualquer interessado na matéria. Trouxe também o Dance Mwangolé do Batida, 4 mambos de um grupo que não sei como tive a audácia de ainda não ter postado nada que são os 340ml e uma maquete de uma amiga muito talentosa chamada Aline Frazão.
Boa escuta