quarta-feira, 29 de junho de 2011

Grasspoppers - Dub Inna Week

Não sei onde estava quando este disco foi posto a circular, mas acabou por me passar ao lado. Durante a estadia do meu papoite Mpula em Luanda, ele passou-me um montão de discos que estariam em alta rotação no seu leitor, dentre os quais o do Baloji que postei anteriormente, o último de duas lendas do reggae marfinense (e africano), Alpha Blondy e Tiken Jah Fakoly, umas compilações de High Life e outras pedras. Também tinha lá este disco, que deixei passar por baixo do radar da primeira vez, não desejando voltar a cair no erro. Porra, tá bwé forte o mambo.

Feito assim numa semana, cheio de espontaneidade incontida, um método que acaba sempre por trazer ao de cima o melhor dos artistas, pois, a meu ver, o descomprometimento com qualquer responsabilidade de vingar vendendo discos ou granjeando concertos, para sustentar os membros da banda, sem necessidade patente de agradar seja lá que nicho for, é a mais libertadora sensação. A feitura deste disco foi como uma grande festa de contribuição onde cada artista trouxe a sua (boa) disposição para adoçar o ambiente, num efeito de grande contágio coletivo.

O conceito e a sua materialização foram do Milton e Marisa Gulli (Cacique 97, Phillarmonic Weed) que aqui se apresentam como Grasspoppers, a capa do disco é a foto vencedora de um concurso promovido pela Rádio Fazuma e os meus temas preferidos são o Tubby Intro, Complicação Dub (grande refrão), Cassius e, o mais forte de todos, Tunda Já, com o Prince Wadada.

Deixo aqui as palavras dos próprios para apresentar o disco:

Na televisão disputava-se a final do campeonato do mundo na África do Sul, mas o som estava desligado. Nesse dia começaram as gravações do Dub Inna Week: numa semana seria composto e gravado um disco de dub. Muito fumo, algumas cervejas, ocasionais copos de vinho e de whisky. Algumas pessoas entravam, outras saíam. As ideias surgiam naturalmente e sem esforço. Parava-se para jantar e depois de saciada a fome já haviam novas ideias. Mais pessoas apareciam, traziam uma garrafa de vinho, outras vinham carregadas com o seu veneno dub (efeitos, delays e instrumentos que tinham em casa), outras vinham com inspiração. Letras escreviam-se em cima do joelho enquanto se montavam os instrumentais. De uma simples linha de baixo surgiam mil ideias quase imediatamente. Ambiente relaxado. Tudo isto aconteceu no Abyssinia Studios 03, o estúdio caseiro dos The Grasspoppers: um computador portátil, guitarras, baixos, percussões, um microfone de condensador e 2 controladores Midi. Acordava-se a pensar em dub e adormecia-se a pensar em dub. As cabeças estavam cheias de eco, reverb, skankings, riddims e basslines. Sorria-se e dançava-se quando de um esboço começava a surgir um tema. Dub era a palavra de ordem. No último dia dessa semana festejou-se. 9 temas novos tinham sido compostos e gravados na sua totalidade. Os dubmasters : Milton Gulli (Cacique´97, Cool Hipnoise, Philharmonic Weed), Marisa Gulli (Cacique´97, Philharmonic Weed, Faith Gospel Choir), Renato Almeida (Kussondulola, Jammin, Mercado Negro), Natty Fred (Dread Natta, Riddim Culture), Prince Wadada, Zé Lencastre (Cacique´97, The Most Wanted), Vinicius Magalhães (Cacique´97, Farra Fanfarra) e directamente de Luanda, o MC Faradai que, graças às tecnologias da internet, gravou uma rima no seu estúdio caseiro em Angola. No pressure, no music biz bullshit, just the pleasure of making music! Lets make some holy ghost crazy noize!!!!!!!!! Dubwise!!!

1. King tubby intro
2. Complicação Dub
3. Dub Safari
4. Cassius
5. Buenos Aires Dub
6. Tunda já
7. Folhas de Feijão Makonde
8. Rootsman
9. Cool Down Brother




Catem o mambo aqui