sábado, 19 de março de 2011

Halloween - Projecto Mary Witch

Dizer que curto muito este gajo nesta altura pode ser interpretado como a confirmação que precisavam aqueles me passaram a associar ao mundo obscuro das drogas e violência, à pala do excerto do concerto que viram no youtube, mas, sandinga, sou grande fã da frontalidade e crueza deste MC, acho que ele tem essas qualidades em abundância, compensando pelos eventuais delírios ideológicos (ou falta deles) que possam chocar com os meus. Ele consegue com as suas narrativas pintar um quadro tão minucioso no seu detalhe, que praticamente conseguimos ser sugados para dentro dele e viver na pele a realidade precária e sufocante dos seres humanos relegados àquela condição de humilhante exclusão social. Conseguimos ter uma percepção da raiva, da angústia, da sensação de abandono e subjugação que podem de certo modo explicar a entrega à certos comportamentos sociais erráticos que desvirtuam o bem-estar geral, bem-estar esse a que pessoas nesses patamares da sociedade nunca auferiram.

Gosto da maneira que "a Bruxa" partilha com a sua audiência o que lhe vai na alma, sem filtros, sem meias palavras, num permanente baile entre a plena consciência e orgulho quase defensivo da sua situação social, e o arrependimento de certas atitudes desmesuradas que essa mesma condição aflitiva lhe impõe, sem no entanto cair na banalidade de glorificar a vida da qual se vê refém: "vai, puto vai devagar, o crime não é uma coisa da qual possas te orgulhar". Nesta entrevista o Hallo, que revela um discurso que pode parecer surpreendente para aqueles que lhe reprovam as letras, diz que não quer ser moralista nem professor de ninguém, mas o que ele não se dá conta é que este tipo de exercício ponderado e honesto da palavra é, em si só, uma autêntica lição de vida, quer para aqueles que partilham da sua condição, como para nós, os outros, aqueles que, com uma facilidade injusta e arrogante, se apressam a julgar as (re)ações sem se debruçar sobre as causas.

Obrigado Halloween, por dares ao hip hop no idioma de Camões algo que muito lhe falta, pois neste universo de personagens que mais parecem criações da Marvel, tu consegues destacar-te com as magníficas imperfeições que te tornam.... um ser humano!

01- Mary Bu
02- Reportagem
03- Gangs de Lisboa
04- Bang-Bang
05- Procriar
06- S.O.S Mundo
07- Fly Nigga Fly
08- No Love
09- Krika Kriminals
10- O Bom Jogador
11- Bitch Nigga
12- Várias Vidas
13- Dia de um Dred de 16 anos
Faixa bónus
: Exorcismo de Mary Witch



Catem o mambo aqui

sábado, 12 de março de 2011

Reks - Um pouco de (muito) bom Hip Hop. Porque não?

Eu sou panco deste gajo desde o primeiro álbum de 2001 (Soul of Black Folk e mais dois ou três temas ali são clássicos instantâneos). Quando saíu o segundo deixei de lhe dar muita atenção. Achei repetitivo e fraco. O que se passou desde então... o mano está cada vez mais maduro e a sua música reflecte isso mesmo. Grandes textos, muito sentimento e altos instrumentais.





quarta-feira, 2 de março de 2011

Gog - Brasil com P

Um dos ensaios mais fodidos do género hip hop. É simplesmente incrível, é inqualificavelmente arrebatador, violentamente arrepiante, hipnotizante, electrificante, transcendendo indubitavelmente a picuinhice de algum melómano que não seja adepto do género. Ora confirmem lá: