quarta-feira, 19 de maio de 2010

Momento de Relaxe

Um kamba me passou esses dois links que achei preciosos. Sobretudo o da kota botswanense. Curtam so a postura da mamoite, que tem tanto ar de música quanto o Bento XVI de jogador de rugby, a tocar a guitarra de maneira tão pouco ortodoxa mas com um tal à vontade que parece que fazer isso ou pisar mandioca para fuba é o mesmo mambo. Fiquei mesmo panco. A kota é muito forte. E reparem no dred no background. O gajo está ali tipo fatigado, a chupar a wiwa dele, a se arranjar bwé para disfarçar o único pensamento que lhe vai na alma: "mama, acaba só já para preparar o almoço, tô ficari fobado!"

O vídeo do baterista de rua também me impressionou. O mwadié tá tipo possuído a batucar freneticamente naqueles baldes de tinta. Alto beat ainda por cima.

Yá, só era isso



segunda-feira, 17 de maio de 2010

The Streets - Everything is Borrowed

Eu já tenho um post muito completo sobre o Mike Skinner e o seu alias The Streets aqui, por isso vou só mesmo publicar este quarto álbum de originais que já saiu há bwé (eu é que tenho andado completamente à leste) e que é provavelmente o melhor deles todos. Epá, é "difícel" eleger um preferido entre este e o A Grand Don't Come For Free, eles têm cada um o seu ponto forte. Neste álbum sente-se que o Skinner está mais adulto, mais orgânico, mais focado, mas mais sombrio também. O gajo continua a ser um grande filósofo de esquina e eu sou absolutamente fã da musicalidade do indivíduo. Absoluto diamante em bruto, o puro pedragulho sonoro, saquem, curtam, espalhem! MIKE SKINNER!!!!!!!!!!!!

01. Everything Is Borrowed
02. Heaven For The Weather
03. I love You More (Than You Like Me)
04. The Way Of The Dodo
05. On The Flip Of A Coin
06. On The Edge Of A Cliff
07. Never Give In
08. The Sherry End
09. Alleged Legends
10. Strongest Person I Know
11. The Escapist





Catem o mambo aqui (antes que ele apaguem este post)

domingo, 16 de maio de 2010

Jaqee - Kokoo Girl

Este é um disco que o meu irmão me passou. Não me lembro bem onde ele ouviu falar desta ugandesa residente na Suécia (supostamente na Rádio Nova), mas este é aparentemente o seu quarto de originais. Aliás, ela aparece em algumas faixas de um álbum que já partilhei aqui convosco, o Koalas Desperados, mas nunca me despertou mais curiosidade por aí além. Finalmente, lendo um pouco o site dela, este album nasce dessa parceria com os Koalas, pois é o seu produtor, Teka, que se ocupou de todos os beats neste álbum. O meu ndengue tinha me mandado o "pink drunken elephant" pelo mail e eu curti bwé e no outro dia passou-me o álbum completo. A base musical é muito inclinada para o Ska, mas o revestimento final é do mais moderno que há, com linhas de baixo electrónicas pesadonas e aqueles samples de teclas distorcidas que me encantam, sobrando a cereja no topo do bolo que é a magnífica voz (um tom algo desvairado) da Jaqee por cima.

Não sejam o camarão que dorme nesta onda.

01] natty dread
02] pink drunken elephant
03] moonshine
04] kokoo girl
05] land of the free
06] take it or leave it
07] take a walk with me
08] take the train
09] voodoo elephant
10] letter to samson
11] the day b4 last
12] healing waters




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K-Os - Yes

Comecei por não ligar muito ao Exit (primeiro álbum), fui completamente arrebatado e conquistado sem reservas pelo Joyful Rebellion e depois esmoreci um pouco com o que me pareceu serem dois álbuns comodistas, procurando reeditar as harmonias que lhe levaram ao estrelato mainstream (não que fossem maus, simplesmente me pareceram preguiçosos no campo da originalidade). Não estava muito curioso para lhe dar a terceira oportunidade com este Yes, mas um kamba passou-me o link para o segundo single e vídeo do álbum e eu flipei. Tirando o título que é um coxe cara podre a tentar atirar o barro à parede a ver se pega, é um granda sonoro, com grande sample, refrão e participação do lendário MC canadense: Saukrates. Verifiquei o primeiro single, 4,3,2,1 e curti, ainda que menos que o outro, pelo que resolvi sacar o LP. Curto e grosso como costumam ser os melhores. Ainda que continue a preferir o Joyful Rebellion, este álbum vale mesmo a pena checkar.

01. Zambony ( 3:46)
02. Astronaut ( 3:14)
03. Burning Bridges ( 3:32)
04. Uptown Girl ( 3:38)
05. I Wish I Knew Natalie Portman ( 3:10)
06. 4 3 2 1 ( 3:54)
07. Eye Know Something ( 3:36)
08. The Aviator ( 3:27)
09. FUN! ( 5:27)
10. Mr. Telephone Man ( 6:06)
11. WhipC.R.E.A.M. ( 2:56)
12. The Avenue ( 9:23)



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Lauryn Hill - Khulami Phase

A Lauryn marcou a música desde o início do seu atribulado percurso. Primeiro no Hip Hop destacando-se com o Wyclef e o Praswell no grupo de New Jersey, os Fugees. Depois de um épico segundo álbum, The Score, as coisas azedaram com o grupo e cada um seguiu o seu caminho a solo.

A Lauryn voltou a deixar um carimbo na indústria e a escrever uma nova página no livro da música com o esplêndido debut Miseducation of Lauryn Hill, deixando toda a gente sequiosa por mais. Só que... não houve mais né? Ela embarcou para a Jamaica, casou com Rohan Marley, diz ter descoberto a sua alma e essência, não sei bem se com a religião ou com o tchuvan que andou a fumar, mas a verdade é que, artisticamente, passou a projectar para os fãs mais confusão do que esclarecimento, com algumas posições radicais e contraditórias, e com dilemas espirituais mal resolvidos.

Apesar de tudo isso, conseguiu convencer a Sony Music a fazer um investimento arrojado com o seu Unplugged DUPLO que não tem nada mais do que ela, a sua guitarra, a sua voz doce (por vezes fora da nota) e emocionada, e os seus discursos intermináveis. Um concerto intimista que, critique-se como se quiser, deve ter sido bem emocionante para quem teve o privilégio de acompanhar.

Por volta dessa altura a rapariga estava cheia de composições novas e declarou estar a concluir um disco que se iria intitular The Khulami Phase e ficamos todos com a crina eriçada e em bicos de pés aguardando o opus do Miseducation que chegaria 8 anos depois. Mas, como tudo o resto, seguiu-se o silêncio.

No outro dia estava em Londres, refém do vulcão com nome complicado lá da Islândia, e fui passar na HMV da Oxford Street. Fiquei abuamado quando vi numa das prateleiras um disco em cuja capa se lia: Lauryn Hill - The Khulami Phase. Virei para ver o verso e imediatamente me apercebi que se tratava de um bootleg, contendo músicas inéditas, ensaios, versões de estúdio das que tinha interpretado no unplugged, mas todavia um bootleg. Fiquei estarrecido ao pensar como seria possível uma grande superfície como é a HMV estar a vender um disco flagrantemente pirata (e não era o único, tinha pelo menos um segundo que me chamou a atenção que era um disco supostamente do D'Angelo, Raphael Saadiq e Q-tip). Mas ao mesmo tempo, fiquei excitado por saber que ia poder ouvir inéditos da Lauryn, mesmo se eles já fossem datados de 2004. É claro que os processos da Columbia/Sony Music já tiveram início e neles são visados trabalhadores da própria editora que decidiram difundir a música. Mas eis o que a Lauryn tem a dizer sobre o assunto:

"I have said in times before what I am saying now. I always look back at how much the music of my husband's father, Bob Marley, was bootlegged. And I am reminded that he would never have had all the fame he had if he hadn't been bootlegged and pirated. It's an honor for me that people consider my music so important so to make such a big deal about it. I don't want to worry myself with the details of this, so I've removed myself from the situation. I have tried to stop the legal suits and the court room agendas, but I don't control Columbia or Sony, just as they don't control me. There was nothing I could do to stop the suits. I don't necessarily believe anybody has to be sued over bootlegging. It's not as if the music industry has not made millions of the latest trend of hiring musicians without talent. Why then shouldn't it loose money every now and then. It's a matter of the chickens coming home to roost, as Malcolm X said. To me this is all music, it's just music. The album is not changing, the track list is set, so now people know before they were supposed to know. This may have been meant to happen. I don't presume to know. I'm touring, I'm spreading my message, and since all of you are now obsessed with following me again, I guess my message will get more detail. I don't worry myself with the affairs of man. I'm getting beyond that more and more".

Que bom ouvir isso de um artista de topo. As vezes parece que só os "under" conseguem ter esse tipo de raciocínio.

Aproveitem essas esquebras enquanto não há lançamento oficial, e constatem que a Lauryn continua a ser fenomenal, incontornável, venerável, a diva indiscutível da nossa geração.

01: Intro Lauryn Hill Speaks
02: Lose Myself
03: I Find It Hard To Say
04: World Is A Hustle
05: Social Drug (Studio Version)
06: Take To Much (Rich Man)
07: The Passion
08: Freedom Time/Mystery Of Iniquity (Lyrical Mix)
09: Intro Lauryn Hill
10: Music
11: As (Live)
12: Killing Me Softly (Live)
13: To Zion (Rehearsal)
14: Do You Like The Way
15: Blame It On The Sun
16: Intro Lauryn Hill
17: If U Wanna
18: Endless Fight
19: Motives & Thoughts (Poem)
20: The Makings Of You (Curtis Mayfield Cover Live)





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